sábado, 16 de abril de 2011

Porque todas adora um High School Musical

Todos nós já passamos pelo colégio. E, nessa etapa difícil da nossa vida, conhecemos várias pessoas. Várias pessoas que queremos lembrar pra sempre, e outras que queremos esquecer mais que tudo. Porque essa é uma etapa difícil, que forma nosso caráter, e bla bla bla.

Mas enfim, hoje vim trazer para vocês alguns arquétipos de alunos. Sim, aqueles que certamente todos nós conhecemos uma vez. Portanto, pegue sua mochila e vamos lá. Vem gente!

Patricinha dada: normalmente encontrada caída com o cu cheio de cachaça no banheiro da Sedna, faz parte do grupo de meninas pop, perfeitinhas e, na maioria das vezes, rica. É burra feito um caroço de azeitona, e usa da sua sensualidade para receber cola dos coleguinhas que babam por ela. Vivem de escova, bolsa rosa, esmalte colorido e batom arregalado, além de customizarem o uniforme de acordo com o seu gosto. Aprontam um escândalo quando vêem uma chuva, barata ou o diretor quando tá agarrando alguém atrás da cantina. Por ser fútil, vai cursar moda, nutrição, direito ou qualquer outra coisa em uma faculdade particular, porque lá poderá desfilar todos seus modelitos.

Amiga feia da patricinha: são normalmente meninas tão burras quanto às patricinhas, mas são feias pra caralho e, portanto, não possuem potencial para serem as musas das salas. Não pensam por conta própria, e age de acordo com o grupo que anda. Vai passar no mesmo curso da patricinha apenas pra acompanhar a BFF (MAPS em inglês) em mais um jornada pra ser tratada como pau mandado.

A puritana: é a menina virgem, podendo ser bonita ou feia, que vive pra estudar. Não faz nada mais da vida. Ignora os meninos e, quando escuta falar de sexo, sai da sala correndo e chorando. Vive carregando livros e segue a risca o uniforme proposto. Por ser inteligente, passará num curso de prestígio em uma faculdade de prestígio, onde se desvirtuará já que vai conhecer o lado bom da vida.

Playboy: filho de família rica, que sempre estudou nas melhores escolas e não dá o menor valor a isso. Vai pro colégio montar gangues de “primos”, onde gastaram todo seu tempo bullinando os colegas mais fracos ou comendo a patricinha dada. Se acha foda, por dirigir escondido o carro do papai, dizer que bebe mais que o Zeca Pagodinho, já ter sido preso e viver se metendo em brigas por aí. Acabam sendo expulsos do colégio, e entram na faculdade no segundo ano por motivo$ de força maior. Provavelmente farão direito em uma universidade qualquer, já que herdará a empresa da família.

Nerd: é o zoado da sala por ser feio, cheio de espinhas, mal vestido, otaku e sabe tudo (logo, puxa saco dos professores). Devora livros e livros de física todos os dias. Seu maior ídolo é o Sheldon. Das duas, uma: vai virar school shooter e matar dolorosamente todos os que o bullinaram ou senão passará em todas as faculdades descentes do mundo, será rico, muito rico, e contratará todos os coleguinhas de sala para serem seus escravos. Cola nele que é sucesso.

Os anônimos: é o grupo da sala que ninguém conhece e só serve mesmo pra fazer volume. Mantém notas medianas, passará no curso que quer, e vai se soltar de verdade na faculdade, onde finalmente verá seu nome a brilhar (porque né, todos nós merecemos nossos 15 minutos de fama).

A aluna estrela: nasceu pra brilhar. É modelo, cantora, atriz, dançarina, designer, tudo numa só. Tem tanto potêncial que participa de todas as apresentações do colégio. Será, provavelmente, mais uma figurante da Star Chic.

O popular: A pessoa mais conhecida desse habitat. Todos falam dele, pro bem ou pro mal. Cai no anonimato assim que o ensino médio acaba, de tão importante que é.

Asguei: um dos grupos mais complexos. Existem dois tipos: os enrustidos e asloka. Normalmente, identificamos asloka só de olhar. Nem precisamos mais comentar. Já as enrustidas são quietas, no seu canto, normalmente você nem sabe quem são. Asloka adoram provocá-los (um beijo pra quem tem gaydar apurado). Prestaram para letras, artes, moda ou comunicação. Essa passagem é o momento de liberdade pras enrustidas #adikaforte.

A pobre: a bolsista que leva marmita de casa, come no banheiro e, na hora do recreio, fala prazamiga rica que está sem fome ou que está de dieta. Esforço é seu nome. Passará pra um curso bom em uma ótima faculdade. Sim, essa também é sucesso, vem gente!

Os emos: o grupinho alternativo colorido e tristonho, que não percebem que a moda emo passou a 500 milhões de anos atrás e ainda insistem em dizer que Simple Plan é a melhor banda da vida. Não se sabe exatamente que faculdade eles fazem, já que antes de concluírem o ensino médio, eles fazem um vídeo, postam no YouTube e depois se suicidam.

A narcisista: Agora gente, para o mundo que eu quero descer. Sim, essa é a musa. A mais gata de todas. A Afrodite na Terra. Todos são obcecados por ela. Não admite levar fora nem das bichas, já que sua beleza é mais fatal que veneno de cobra. É modelo, óbvio. Provavelmente, cursará moda ou nutrição, porque seu talento não pode ser desperdiçado.


terça-feira, 12 de abril de 2011

#Eusougay

Sejamos Gays. Juntos.


abril 12, 2011

Adriele Camacho de Almeida, 16 anos, foi encontrada morta na pequena cidade de Itarumã, Goiás, no último dia 6. O fazendeiro Cláudio Roberto de Assis, 36 anos, e seus dois filhos, um de 17 e outro de 13 anos, estão detidos e são acusados do assassinato. Segundo o delegado, o crime é de homofobia. Adriele era namorada da filha do fazendeiro que nunca admitiu o relacionamento das duas. E ainda que essa suspeita não se prove verdade, é preciso dizer algo.

Eu conhecia Adriele Camacho de Almeida. E você conhecia também. Porque Adriele somos nós. Assim, com sua morte, morremos um pouco. A menina que aos 16 anos foi, segundo testemunhas, ameaçada de morte e assassinada por namorar uma outra menina, é aquela carta de amor que você teve vergonha de entregar, é o sorriso discreto que veio depois daquele olhar cruzado, é o telefonema que não queríamos desligar. É cada vez mais difícil acreditar, mas tudo indica que Adriele foi vítima de um crime de ódio porque, vulnerável como todos nós, estava amando.

Sem conseguir entender mais nada depois de uma semana de “Bolsonaros”, me perguntei o que era possível ser feito. O que, se Adriele e tantos outros já morreram? Sim, porque estamos falando de um país que acaba de registrar um aumento de mais de 30% em assassinatos de homossexuais, entre gays, lésbicas e travestis.

E me ocorreu que, nessa ideia de que também morremos um pouco quando os nossos se vão, todos, eu, você, pais, filhos e amigos podemos e devemos ser gays. Porque a afirmação de ser gay já deixou de ser uma questão de orientação sexual.

Ser gay é uma questão de posicionamento e atitude diante desse mundo tão miseravelmente cheio de raiva.

Ser gay é ter o seu direito negado. É ser interrompido. Quantos de nós não nos reconhecemos assim?

Quero então compartilhar essa ideia com todos.

Sejamos gays.

Independente de idade, sexo, cor, religião e, sobretudo, independente de orientação sexual, é hora de passar a seguinte mensagem pra fora da janela: #EUSOUGAY

Para que sejamos vistos e ouvidos é simples:

1) Basta que cada um de vocês, sozinhos ou acompanhados da família, namorado, namorada, marido, mulher, amigo, amiga, presidente, presidenta, tirem uma foto com um cartaz, folha, post-it, o que for mais conveniente, com a seguinte mensagem estampada: #EUSOUGAY

2) Enviar essa foto para o mail projetoeusougay@gmail.com

3) E só :-)

Todas essas imagens serão usadas em uma vídeo-montagem será divulgada pelo You Tube e, se tudo der certo, por festivais, fóruns, palestras, mesas-redondas e no monitor de várias pessoas que tomam a todos nós que amamos por seres invisíveis.

A edição desse vídeo será feita pelo Daniel Ribeiro, diretor de curtas que, além de lindos de morrer, são super premiados: Café com Leite e Eu Não Quero Voltar Sozinho.

Quanto à minha pessoa, me chamo Carol Almeida, sou jornalista e espero por um mundo melhor, sempre.

As fotos podem ser enviadas até o dia 1º de maio.

Como diria uma canção de ninar da banda Belle & Sebastian: ”Faça algo bonito enquanto você pode. Não adormeça.” Não vamos adormecer. Vamos acordar. Acordar Adriele.

— Convido a todos os blogueiros de plantão a dar um Ctrl C + Ctrl V neste texto e saírem replicando essa iniciativa —

Carol Almeida

sábado, 2 de abril de 2011

Final feliz

Tom era um gatinho de estimação. Vivia apenas para comer e dormir. Mas surgiu Jerry na casa. Um camundongo folgado que passou a infernizar a vida do Tom. Jerry descobriu em incomodar o Tom o seu novo prazer. A sua razão para viver. Comia a comida do gato, assaltava a geladeira, quebrava louças da casa, atrapalhava o sono felino. Uma verdadeira briga de gato e rato. Tom já não suportava mais essa relação entre eles. Seus donos chamava-o de gato folgado, preguiçoso, mole, palerma, entre tantas outras adjetivações negativas. Logo eles, que sempre amaram Tom. Ele não podia deixar assim.

Após anos suportando todos os abusos do ratinho, sem conseguir pegá-lo nenhuma vez, Tom preparou uma armadilha infalível para capturar o maldito rato. Esperou Jerry entrar na sua toca para dormir, encharcou um paninho com boa-noite-conderela e jogou dentro da toca. Jerry, obviamente, desfaleceu. Tom esperou que ele acordasse. Quando Jerry voltou do seu sono involuntário viu-se amarrado num gravetinho, em cima de uma espécie de fogueira. Ficou desesperado e implorava perdão ao Tom. Mas o gato estava enfurecido, possesso, louco, transtornado. Nada que Jerry falava poderia mudar a decisão de Tom. O ratinho iria morrer.

Tom ateou fogo na fogueirinha, e assistiu a morte lenta e dolorosa do ratinho. Jerry gritava, chorava, mas não conseguia se soltar. Tom retirou-o da fogueira, já todo torradinho, e retirou membro por membro do ratinho, comendo-o em seguida, como se fosse uma “tartuguita”: primeiro os bracinhos, depois as perninhas, a cabecinha e por último comia o tronco.

Tom estava plenamente satisfeito. Estava bem alimentado na janta e nunca mais seria incomodado pelo camundongo insuportável. Poderia dormir tranquilo naquela noite.



Pedro Henrique Ribeiro