segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

O -não- Aprendiz

Querido amigo universitário, você passou no vestibular, é campeão, e acha que o pior já foi. Chegou na faculdade, esqueceu o que é caderno, anotação, aula e o dinheiro das xerox vai todo pra sua cachaça diária. Você agora é um malandrão, vivendo de baladinhas, que vai pra faculdade se quiser, sai da sala de aula a hora que quiser, transa no bosque quando alguem te quiser, enfim, agora a vida é sua, quem cuida é você e quem paga essa putaria vida boêmia são seus amados pais.

Mas toda festa tem seu fim. Seu pai cansou de sustentar vagabundo, a palhaçada acabou. E assim você se vê sem dinheiro pra pinga aproveitar a vida e ser um jovem feliz. É a temida hora de arrumar um emprego. É a hora da maldita entrevista de emprego.

Você viu a oportunidade, mandou seu currículo tosco e os idiotas caras da empresa ligaram marcando sua entrevista. Chegando lá você encontra vários coleguinhas de curso e percebe que já se ferrou: eles são bem melhores que você e sua vaga já era. Mas ok, você já está lá e a hora chegou. Levanta, baixa o espirito do Roberto Justus e senta lá, Claudia. Você agora é uma pessoa sorridente, simpática, extrovertida, esforçada e trabalhadeira. E aham que o entrevistador tá acreditando. Ele pergunta sobre você, seu passado, suas conquistas, interesses, como se você tivesse muito o que contar além daquele desenho bonito que você fez e sua mãe grudou na porta da geladeira há uns 7 anos atrás. Na tentativa de parecer digno, surge um discurso, é hora de falar e fingir que não está vendo a cara de bosta/desdém do entrevistador para com sua pessoa, é quando você começa a achar que pode ter alguma chance, é quando o entrevistador fala pra você que ele vai olhar os currículos, estudar possibilidades e que um dia ele pode entrar em contato ou não, que é só ver se algum coleguinha conseguiu. Ou seje, não foi dessa vez, loser.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Raul e o Ônibus

Ser usuária de ônibus é algo que, por mais humilhante sofrido que seja, rende boas histórias. Pois bem. Estava eu, toda trabalhada no “gramu” indo pra casa da minha amiga ecompanheira de blog Vanessa para fazer uma surpresa para ela, pois era o ungido dia do seu aniversário. Acontece que eu já estava comemorando na noite anterior e na manhã seguinte acordei morrendo de ressaca. Entrei no ônibus já lotado e fui em pé boa parte do caminho. Quem pega a linha 026 (T. Bandeiras – Flamboyant) sabe que quando chega no Goiânia Shopping, TODOS PÉ-DE-TODDY DESCE muita gente desce e, então, avistei um assento vazio. Meu coração bateu mais forte, assim como o de todo leitor(a) pobre quando se vê nessa situação. Não pude conter um sorriso que saiu naturalmente. Sentei-me do lado de uma pessoa que tinha uma subaqueira braba não havia feito uso de desodorantes naquela manhã. Além disso, um agradável (-n) cheiro de peido gases sulfúricos (-q) tomou conta do ambiente e, Deus me perdoe se eu estiver errada, mas tenho quase certeza que foi a moça da subaqueira hein. Agora pensa, será que eu quis vomitar?
            Fui forte e não vomitei. Porém, essa situação me levou a refletir: o que fazer quando dá a vontade de chamar o Raul dentro do ônibus? Abrir a janela e mandar tudo na galera da calçada é uma alternativa não muito caridosa com o próximo, muito menos vomitar nos outros pobres passageiros. Então, amigos(as), vou dar algumas sugestões espertas pra vocês, caso essa vontade louca, muito louca, incontrolável, tome conta de todo seu ser:
- Procure por algum conhecido no ônibus. Se você estiver indo para o colégio/faculdade/trabalho, provavelmente vai ter sim alguém que você conhece ali. Explique a situação e fale que vocês podem fingir um flash mob. Isso mesmo, um flash mob de vômito! Não vai ser difícil, pois é normal sentirmos vontade de vomitar ao vermos alguém vomitando. Aproveite e ligue a câmera do seu celular e coloca no youtube que vai ser sucesso, já que provavelmente todo mundo do ônibus vai “esgorfar” depois que você e seu amigo começarem. E flash mob é considerado arte e tá na moda hein.
- Se você estiver sentado, ótimo. Se estiver em pé, finja que está sentindo uma dor horrorosa na perna e sente-se em algum banco. Sentou? Ok. Agora procura por alguém com bolsa/mochila que esteja em pé e ofereça-se para carrega-la no seu colo. Pegou? Agora vomita lá dentro e fecha (: Embora também não seja também uma alternativa muito solidária, você evitará de o ônibus inteiro vomitar. E ah, vômito na bolsa dos outros é refresco.
- Comece a fazer uma performance de teatro contemporâneo. Diga esses versos:
“Nascemos com a falsa ilusão da felicidade
Olhamos ao redor e tudo é novidade!
Ao crescer, aprendemos a não mentir,
não chorar e a não omitir
Mas eu digo a vocês que tudo passa
Que um dia, tudo fica massa
E depois a gente sofre por amar
Eu passo mal só de lembrar
E como não tem outro jeito de demonstrar,
Com licença, vou vomitar!”
E aí é a parte que você vomita, aperta o botão pra descer e sai aplaudido do ônibus!
Garanto pra vocês que são três alternativas interessantes de se sair bem desse problema que é o mal estar dentro do ônibus. Façam o teste e me contem depois como foi. E se estiver de ressaca, vá a pé (a dica).